CINZAS DA SANIDADE
Varro o chão
Onde caíram as palavras comportadas
Que por entre dedos gélidos
De minhas mãos rudes
Deixei escapulir, por obstinação.
Junto-as e cremo-as.
As cinzas, entrego-as ao vento;
Leve-as ele para bem longe de mim,
Fantasma que são
Do poema reto
Que não me permiti consumar.
Não lapido as palavras.
Não destilo as palavras.
As lapidadas,
Deixo-as aos jovens apaixonados.
As destiladas,
Aos que delas se tornaram amantes incorrigíveis.
Quero-as selvagens,
Cheias de quinas e fios,
Cheias de doenças e vícios,
Para que quando brotarem de dentro de mim
Rasguem-me a carne,
Contaminem-me o sangue
E façam-se poemas tortos:
Eles me conferem vida intensa.
Não quero, pois, o poema da breve paixão,
Nem o da paixão amancebada:
Eu vou é me casar, para sempre, com o Cântico Negro.
Trapani: Misteri 2024 in B/N
Há 3 meses
Vania, bom me ver aqui...
ResponderExcluirvocê devia postar suas coisas por aqui...
tão bonito o blog...
é um canal espetacular pra divulgar suas coisas tão bonitas...
e obrigado por me dar a honra..
a imensa honra de estar aqui...
bjos.w