Coloridos reversos
quero este laço
entrelaçando teus braços
no aconchego do ninho
quero este riso
com gosto de sol
cheiro de sal
entre algas verdes marinho
quero as cores dos versos
dançar os reversos
de um novo arco-íris
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
sábado, 5 de setembro de 2009
Artur da Távola
TEMPO
Hoje eu sou poesia,
Pedaço de nuvem
Nas mãos do teu dia.
Eu sou amargura,
Espaço de espanto
Num céu de loucura.
Hoje eu quero ser jardim,
Temporada de espanto
No sorriso de teu sim.
Agora vai ser a vez
Da esperança sem lança,
Da amizade sem força,
Do afago sem sexo,
Do sexo sem falsa noção de esmagar.
Chegou o tempo
De ser
E amar
Hoje eu sou poesia,
Pedaço de nuvem
Nas mãos do teu dia.
Eu sou amargura,
Espaço de espanto
Num céu de loucura.
Hoje eu quero ser jardim,
Temporada de espanto
No sorriso de teu sim.
Agora vai ser a vez
Da esperança sem lança,
Da amizade sem força,
Do afago sem sexo,
Do sexo sem falsa noção de esmagar.
Chegou o tempo
De ser
E amar
Cecília Meireles
Á HORA EM QUE OS CISNES CANTAM ...
Nem palavras de adeus, nem gestos de abandono.
Nenhuma explicação. Silêncio. Morte. Ausência.
O ópio do luar banhando os meus olhos de sono ...
Benevolência. Inconseqüência. Inexistência.
Paz dos que não tem fé, nem carinho, nem dono ...
Todo perdão divino e a divina clemência!
Oiro que cai dos céus pelos frios do outono ...
Esmola que faz bem ... – nem gestos, nem violência ...
Nem palavras. Nem choro. A mudez. Pensativas
Abstrações. Vão temores de saber. Lento, lento
Volver de olhos, em torno, augurais e espectrais ...
Todas as negações. Todas as negativas.
Ódio? Amor? Lê? Tu? Sim Não? Riso? Lamento?
- Nenhum mais. Ninguém mais. Nada mais. Nunca mais ...
Cecília Meireles
In Nunca Mais e Poema dos Poemas
1923
Nem palavras de adeus, nem gestos de abandono.
Nenhuma explicação. Silêncio. Morte. Ausência.
O ópio do luar banhando os meus olhos de sono ...
Benevolência. Inconseqüência. Inexistência.
Paz dos que não tem fé, nem carinho, nem dono ...
Todo perdão divino e a divina clemência!
Oiro que cai dos céus pelos frios do outono ...
Esmola que faz bem ... – nem gestos, nem violência ...
Nem palavras. Nem choro. A mudez. Pensativas
Abstrações. Vão temores de saber. Lento, lento
Volver de olhos, em torno, augurais e espectrais ...
Todas as negações. Todas as negativas.
Ódio? Amor? Lê? Tu? Sim Não? Riso? Lamento?
- Nenhum mais. Ninguém mais. Nada mais. Nunca mais ...
Cecília Meireles
In Nunca Mais e Poema dos Poemas
1923
FlaVcast
Chuva
04.09.09
Chove em minha janela
Chove forte e bate de frente
Com meu silencio desfecho
Em pingos diretos
...batem
A explodirem como coroas
Depois...
Acalma o vento
Sua fala é baixa tensão
Se fossem azuis
Rosas... azuis
Perfumariam a noite
Em pingos de sons.
04.09.09
Chove em minha janela
Chove forte e bate de frente
Com meu silencio desfecho
Em pingos diretos
...batem
A explodirem como coroas
Depois...
Acalma o vento
Sua fala é baixa tensão
Se fossem azuis
Rosas... azuis
Perfumariam a noite
Em pingos de sons.
Oswaldo Antônio Begiato
CINZAS DA SANIDADE
Varro o chão
Onde caíram as palavras comportadas
Que por entre dedos gélidos
De minhas mãos rudes
Deixei escapulir, por obstinação.
Junto-as e cremo-as.
As cinzas, entrego-as ao vento;
Leve-as ele para bem longe de mim,
Fantasma que são
Do poema reto
Que não me permiti consumar.
Não lapido as palavras.
Não destilo as palavras.
As lapidadas,
Deixo-as aos jovens apaixonados.
As destiladas,
Aos que delas se tornaram amantes incorrigíveis.
Quero-as selvagens,
Cheias de quinas e fios,
Cheias de doenças e vícios,
Para que quando brotarem de dentro de mim
Rasguem-me a carne,
Contaminem-me o sangue
E façam-se poemas tortos:
Eles me conferem vida intensa.
Não quero, pois, o poema da breve paixão,
Nem o da paixão amancebada:
Eu vou é me casar, para sempre, com o Cântico Negro.
Varro o chão
Onde caíram as palavras comportadas
Que por entre dedos gélidos
De minhas mãos rudes
Deixei escapulir, por obstinação.
Junto-as e cremo-as.
As cinzas, entrego-as ao vento;
Leve-as ele para bem longe de mim,
Fantasma que são
Do poema reto
Que não me permiti consumar.
Não lapido as palavras.
Não destilo as palavras.
As lapidadas,
Deixo-as aos jovens apaixonados.
As destiladas,
Aos que delas se tornaram amantes incorrigíveis.
Quero-as selvagens,
Cheias de quinas e fios,
Cheias de doenças e vícios,
Para que quando brotarem de dentro de mim
Rasguem-me a carne,
Contaminem-me o sangue
E façam-se poemas tortos:
Eles me conferem vida intensa.
Não quero, pois, o poema da breve paixão,
Nem o da paixão amancebada:
Eu vou é me casar, para sempre, com o Cântico Negro.
Roberto Marinho de Azevedo
Quando Partes
Quando partes, não fogem as andorinhas,
Mas diabos espertos se instalam
Sob os móveis, tecendo mil intrigas
Como magras megeras desdentadas.
Quando te vais, não calam as avezinhas,
Mas começam a piar iniquidades.
Quando partes, não fogem as andorinhas,
Mas diabos espertos se instalam
Sob os móveis, tecendo mil intrigas
Como magras megeras desdentadas.
Quando te vais, não calam as avezinhas,
Mas começam a piar iniquidades.
Carlos Drummond de Andrade
Soneto da perdida esperança
Perdi o bonde e a esperança.
Volto pálido para casa.
A rua é inútil e nenhum auto
passaria sobre meu corpo.
Vou subir a ladeira lenta
em que os caminhos se fundem.
Todos eles conduzem ao
princípio do drama e da flora.
Não sei se estou sofrendo
ou se é alguém que se diverte
por que não? na noite escassa
com um insolúvel flautim.
Entretanto há muito tempo
nós gritamos: sim! ao eterno.
Carlos Drummond
Perdi o bonde e a esperança.
Volto pálido para casa.
A rua é inútil e nenhum auto
passaria sobre meu corpo.
Vou subir a ladeira lenta
em que os caminhos se fundem.
Todos eles conduzem ao
princípio do drama e da flora.
Não sei se estou sofrendo
ou se é alguém que se diverte
por que não? na noite escassa
com um insolúvel flautim.
Entretanto há muito tempo
nós gritamos: sim! ao eterno.
Carlos Drummond
sexta-feira, 4 de setembro de 2009
Jandira Grillo
ARREPENDIMENTO
Se ao coração que chora fora dado
Em dose,embora escassa de beber,
A taça misteriosa do esquecer,
Quanto ser viveria embriagado.
Viver embriagado do viver,
E não lembrar jamais o que é lembrado,
Lembrar somente e apenas com cuidado
Que o cuidado maior é o de esquecer.
Divina fantasia de quem ama,
Tolher a chama ,quando a vida é chama
Matar a sede,quando a sede é de arte.
O intimo mistério de querer-te!
Maior que a própria pena de perder-te
Foi o arrependimento de buscar-te!
Se ao coração que chora fora dado
Em dose,embora escassa de beber,
A taça misteriosa do esquecer,
Quanto ser viveria embriagado.
Viver embriagado do viver,
E não lembrar jamais o que é lembrado,
Lembrar somente e apenas com cuidado
Que o cuidado maior é o de esquecer.
Divina fantasia de quem ama,
Tolher a chama ,quando a vida é chama
Matar a sede,quando a sede é de arte.
O intimo mistério de querer-te!
Maior que a própria pena de perder-te
Foi o arrependimento de buscar-te!
quinta-feira, 3 de setembro de 2009
James Joyce
Poema XXXIV
Durma agora, durma agora
fala meu inquieto coração
a voz chora: “durma agora”
É se faz ouvir no meu coração.
A voz do vento
se ouve na porta
Oh durma, para esperar a pri-ma-ve-ra
que está chorando: “Durma agora”.
Meu beijo trará a paz
E aquietará o coração
Durma agora em paz.
Oh inquieto coração.
James Joyce
Tradução: Eric Ponty
Durma agora, durma agora
fala meu inquieto coração
a voz chora: “durma agora”
É se faz ouvir no meu coração.
A voz do vento
se ouve na porta
Oh durma, para esperar a pri-ma-ve-ra
que está chorando: “Durma agora”.
Meu beijo trará a paz
E aquietará o coração
Durma agora em paz.
Oh inquieto coração.
James Joyce
Tradução: Eric Ponty
Anibal Beça
CÂNTICO DE CÂNTARO
Meu canto é fluvial
é cântico das águas
de cântaro canoro
enviesando várzeas.
Carrego em bilha ou pote
nossas moringas de águas
lamentos e benditos
num rosário de mágoas.
Comigo vai o canto
Que eu levo dentro da alma
Canto levado de espanto
Encantado que me acalma
Nas estações do verde
ciclos de nossas águas
marés cheias no outono
um verão de águas baixas.
Meu canto é fluvial
é cântico das águas
de cântaro canoro
enviesando várzeas.
Carrego em bilha ou pote
nossas moringas de águas
lamentos e benditos
num rosário de mágoas.
Comigo vai o canto
Que eu levo dentro da alma
Canto levado de espanto
Encantado que me acalma
Nas estações do verde
ciclos de nossas águas
marés cheias no outono
um verão de águas baixas.
Adélia Prado
"Minha mãe achava estudo
a coisa mais fina do mundo.
Não é.
A coisa mais fina do mundo é o sentimento.
Aquele dia de noite, o pai fazendo serão,
ela falou comigo:
"Coitado, até essa hora no serviço pesado".
Arrumou pão e café , deixou tacho no fogo com água quente.
Não me falou em amor.
Essa palavra de luxo."
a coisa mais fina do mundo.
Não é.
A coisa mais fina do mundo é o sentimento.
Aquele dia de noite, o pai fazendo serão,
ela falou comigo:
"Coitado, até essa hora no serviço pesado".
Arrumou pão e café , deixou tacho no fogo com água quente.
Não me falou em amor.
Essa palavra de luxo."
terça-feira, 1 de setembro de 2009
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