domingo, 31 de maio de 2009
“Alguns guardam o Domingo indo à Igreja
Eu o guardo ficando em casa
Tendo um Sabiá como cantor
E um Pomar por Santuário.
Alguns guardam o Domingo em vestes brancas
Mas eu só uso minhas Asas
E ao invés do repicar dos sinos na Igreja
Nosso pássaro canta na palmeira.
É Deus que está pregando, pregador admirável
E o seu sermão é sempre curto.
Assim, ao invés de chegar ao Céu, só no final
Eu o encontro o tempo todo no quintal.“
Emily Dickinson
Alice Ruiz - Coisa tua
Coisa tua
Música: Waltel Branco
Letra: Alice Ruiz
assim que vi você
logo vi que ia dar coisa
coisa feita pra durar,
batendo duro no peito
até eu acabar virando
alguma coisa
parecida com você
parecia ter saído
de alguma lembrança antiga
que eu nunca tinha vivido,
mas ia viver um dia
alguma coisa perdida
que eu nunca tinha tido
alguma voz amiga
esquecida no meu ouvido
agora não tem mais jeito,
carrego você no peito
poema na camiseta
com a tua assinatura
já nem sei se é você mesmo
ou se sou eu que virei alguma coisa tua
sábado, 23 de maio de 2009
Na beira do mar
sábado, 16 de maio de 2009
sexta-feira, 15 de maio de 2009
Hilda Hilst
Se todas as tuas noites fossem minhas
Eu te daria, a cada dia
Uma pequena caixa de palavras
Coisa que me foi dada, sigilosa
E com a dádiva nas mãos tu poderias
Compor incendiado a tua canção
E fazer de mim mesma, melodia.
Se todos os teus dias fossem meus
Eu te daria, a cada noite
O meu tempo lunar, transfigurado e rubro
E agudo se faria o gozo teu.
Hilda Hilst
In:"Júbilo, Memória, Noviciado da Paixão"
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POESIA
domingo, 10 de maio de 2009
"Para Sempre"
"Por que Deus permite que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora, luz que não apaga quando sopra o vento e chuva desaba,
veludo escondido na pele enrugada,
água pura, ar puro, puro pensamento.
Morrer acontece com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça, é eternidade.
Por que Deus se lembra - mistério profundo - de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo, baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre junto de seu filho
e ele, velho embora, será pequenino feito grão de milho."
Carlos Drummond de Andrade
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora, luz que não apaga quando sopra o vento e chuva desaba,
veludo escondido na pele enrugada,
água pura, ar puro, puro pensamento.
Morrer acontece com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça, é eternidade.
Por que Deus se lembra - mistério profundo - de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo, baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre junto de seu filho
e ele, velho embora, será pequenino feito grão de milho."
Carlos Drummond de Andrade
sexta-feira, 8 de maio de 2009
puxa-puxa
Se me vejo criança
Sinto o cheiro do engenho
Do bagaço da cana
O barulho
Do raspar do côco
E o sonho
Do puxa-puxa
As primas em rebuliço
Esperando o ponto
A hora certa
Do puxa-puxa
Cada uma com sua quenga
Com sua porção
De raspas de côco
Esperando a hora
Do puxa-puxa
E chegado a hora
A hora do puxa
Puxa
Repuxa
O puxa-puxa
VaniaGondim
quarta-feira, 6 de maio de 2009
ILHA DE CORAL
Por momentos me deste a sensação
de terra firme.
Cansado da inquietação do mar,
do balanço das ondas, dos horizontes inumeráveis,
eu me airei a ti, como um náufrago,
e teu corpo não me soube apenas à praia providencial,
mas a um país de tranquilidade
há tanto tempo esperado...
Ilusão...Eras uma pequena ilha, de morna areia
e traiçoeiros corais,
onde todo me feri na ânsia de salvar-me
e que logo desapareceria sob a maré cheia,
para nunca mais...
J.G.de Araújo Jorge
segunda-feira, 4 de maio de 2009
Raízes
Vania Gondim
o gosto por pensar a vida em versos
os reversos
os sonhos
e sentir a vida sempre bela
herança de minha mãe
meu pai era o Gondim,
não o poeta
dele herdei o nome
a retidão constante
no tratar a vida
VaniaGondim
o gosto por pensar a vida em versos
os reversos
os sonhos
e sentir a vida sempre bela
herança de minha mãe
meu pai era o Gondim,
não o poeta
dele herdei o nome
a retidão constante
no tratar a vida
VaniaGondim
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VANIA GONDIM
PASSANDO DOS CINQÜENTA
Meu pescoço se enruga.
Imagino que seja
de mover a cabeça
para observar a vida.
E se enrugam as mãos
cansadas dos seus gestos.
E as pálpebras
apertadas no sol.
Só da boca não sei
o sentido das rugas
se dos sorrisos tantos
ou de trancar os dentes
sobre caladas coisas.
Marina Colasanti
Imagino que seja
de mover a cabeça
para observar a vida.
E se enrugam as mãos
cansadas dos seus gestos.
E as pálpebras
apertadas no sol.
Só da boca não sei
o sentido das rugas
se dos sorrisos tantos
ou de trancar os dentes
sobre caladas coisas.
Marina Colasanti
SERENO ALGOZ - OSWALDO ANTÔNIO BEGIATO
Parceira da lua, como a lua
Cheia minguando o luar, nua
Cheira a flor do campo:
Alecrim que nasceu à beira
De uma estrada passageira
Por onde eu já caminhei.
Muita falta faz esta luz de luar,
Parceira na hora do caminhar,
A quem já se acostumou a tê-la.
E este perfume de campo que contagia:
- Sereno algoz extraído da nostalgia.
E como é precisa a luz de luar
Preciso também é paciente suportar
A ausência, nos contatos por pensamento;
A presença, nas lembranças em movimento;
A espera, no tempo que vai passar,
Dos rastros que vão se formar.
Há uma cor que gosto de ver.
Há uma dor que gosto de sentir.
Há uma aventura que gosto de viver.
Há uma estrada pela qual vou partir.
São espinhos que me guiam;
São pedras que proíbem limites;
São esperanças que se recriam.
É um desejo que se espalha:
- A vontade imensa de te ver!
Auto Retrato
Tereza Lima Gondim
não me pinto não me faço
- olhos garços de criança -
janela aberta que me vê
mudam de tom a cada instante
amarelo verde da montanha
esverdeado da correnteza
estampado de lembranças
retratam às vezes incerteza
cores mutantes nessa busca
mostruário em um caminho
quem sou... para onde vou?
o ponto visível serei eu?
se não sou e não me faço
me imaginem nos meus versos
não me pinto não me faço
- olhos garços de criança -
janela aberta que me vê
mudam de tom a cada instante
amarelo verde da montanha
esverdeado da correnteza
estampado de lembranças
retratam às vezes incerteza
cores mutantes nessa busca
mostruário em um caminho
quem sou... para onde vou?
o ponto visível serei eu?
se não sou e não me faço
me imaginem nos meus versos
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ADÍLIA LOPES
Não sei se me interessei pelo rapaz
por ele se interessar por estrelas
se me interessei por estrelas por me interessar
pelo rapaz hoje quando penso no rapaz
penso em estrelas e quando penso em estrelas
penso no rapaz como me parece
que me vou ocupar com estrelas
até ao fim dos meus dias parece-me que
não vou deixar de me interessar pelo rapaz
até ao fim dos meus dias
nunca saberei se me interesso por estrelas
se me interesso por um rapaz que se interessa
por estrelas já não me lembro
se vi primeiro as estrelas
se vi primeiro o rapaz
se quando vi o rapaz vi as estrelas
Adília Lopes
por ele se interessar por estrelas
se me interessei por estrelas por me interessar
pelo rapaz hoje quando penso no rapaz
penso em estrelas e quando penso em estrelas
penso no rapaz como me parece
que me vou ocupar com estrelas
até ao fim dos meus dias parece-me que
não vou deixar de me interessar pelo rapaz
até ao fim dos meus dias
nunca saberei se me interesso por estrelas
se me interesso por um rapaz que se interessa
por estrelas já não me lembro
se vi primeiro as estrelas
se vi primeiro o rapaz
se quando vi o rapaz vi as estrelas
Adília Lopes
Canção desse Rumor
LYA LUFT
Quem - estando ausente - entra no quarto
Quem deita ao lado meu, quem passa
No meu coração seus lábios quentes, quem
Desperta em mim as feras todas
Quem me rasga e cura
Quem me atrai?
Quem murmura na treva e acende estrelas
Quem me leva em marés de sono e riso
Quem invade meu dia após a noite
Quem vem – estando ausente -
E nunca vai?
LYA LUFT
Quem - estando ausente - entra no quarto
Quem deita ao lado meu, quem passa
No meu coração seus lábios quentes, quem
Desperta em mim as feras todas
Quem me rasga e cura
Quem me atrai?
Quem murmura na treva e acende estrelas
Quem me leva em marés de sono e riso
Quem invade meu dia após a noite
Quem vem – estando ausente -
E nunca vai?
LYA LUFT
"CORA CORALINA"
Não sei se a vida é curta ou longa demais para nós,
mas sei que nada do que vivemos tem sentido,
se não tocamos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser:
colo que acolhe,
braço que envolve,
palavra que conforta,
silêncio que respeita,
alegria que contagia,
lágrima que corre,
olhar que acaricia,
desejo que sacia,
amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo, é o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela não seja nem curta, nem longa demais,
mas que seja intensa,
verdadeira, pura... enquanto durar.
(Cora Coralina)
mas sei que nada do que vivemos tem sentido,
se não tocamos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser:
colo que acolhe,
braço que envolve,
palavra que conforta,
silêncio que respeita,
alegria que contagia,
lágrima que corre,
olhar que acaricia,
desejo que sacia,
amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo, é o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela não seja nem curta, nem longa demais,
mas que seja intensa,
verdadeira, pura... enquanto durar.
(Cora Coralina)
CURVAS
Oswaldo Antônio Begiato
Nas tuas montanhas insondáveis e vastas
(Nádegas, seios e malícias)
Vagam minhas entranhas fecundas e castas
(Ventre, umbigo e delícias),
Por isso supor-lhe-á o mundo desvios tantos
(Volúpias, coxas e desejos),
A encher-lhe de insuportáveis e belos prantos
(Saudades, perdões e beijos).
Em tuas tenras e leves pétalas rasgadas
(Esterco, broto e tesão),
Nas tuas raízes à flor da terra e mal regadas
(Chuva, tardes e verão),
Renasço, livre como o vento, em tuas pegadas
(Areia, estrada e destino)
E me entrego a ti virgem e feliz como chegadas
(Sorriso, bocas e menino).
Com as mãos cheias de chaves, me libertas
(Elos, cadeados e segredos)
E no teu colo proibido e repleto de ofertas
(Sono, abandono e medos),
Zonzo pelos labirintos de tua sã mente
(Poemas, livros e mais ninguém),
Repouso, sem prisões, minha cabeça demente
(A loucura é o meu maior bem).
Nas tuas montanhas insondáveis e vastas
(Nádegas, seios e malícias)
Vagam minhas entranhas fecundas e castas
(Ventre, umbigo e delícias),
Por isso supor-lhe-á o mundo desvios tantos
(Volúpias, coxas e desejos),
A encher-lhe de insuportáveis e belos prantos
(Saudades, perdões e beijos).
Em tuas tenras e leves pétalas rasgadas
(Esterco, broto e tesão),
Nas tuas raízes à flor da terra e mal regadas
(Chuva, tardes e verão),
Renasço, livre como o vento, em tuas pegadas
(Areia, estrada e destino)
E me entrego a ti virgem e feliz como chegadas
(Sorriso, bocas e menino).
Com as mãos cheias de chaves, me libertas
(Elos, cadeados e segredos)
E no teu colo proibido e repleto de ofertas
(Sono, abandono e medos),
Zonzo pelos labirintos de tua sã mente
(Poemas, livros e mais ninguém),
Repouso, sem prisões, minha cabeça demente
(A loucura é o meu maior bem).
Ninguém me canta como você
ALICE RUIZ
ninguém me canta
como você
ninguém me encanta
como você
nem me vê
do jeito
que só você
de que adianta
ter olhos
e não saber ver
ter voz
mas não ter o que dizer
digam o que disserem
façam o que quiserem
ninguém diz
ninguém vê
ninguém faz
como você
ninguém me canta
ninguém me encanta
como você
"Alice Ruiz"
ninguém me canta
como você
ninguém me encanta
como você
nem me vê
do jeito
que só você
de que adianta
ter olhos
e não saber ver
ter voz
mas não ter o que dizer
digam o que disserem
façam o que quiserem
ninguém diz
ninguém vê
ninguém faz
como você
ninguém me canta
ninguém me encanta
como você
"Alice Ruiz"
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